
Não deixe que a busca pela perfeição se torne um obstáculo para o progresso. Essa foi uma das mensagens mais recorrentes nas apresentações do Petfood Essentials 2025, série de seminários focados em sustentabilidade na fabricação de alimentos para animais de estimação que precederam a programação do Petfood Forum 2025, realizado entre 28 e 30 de abril, em Kansas, nos Estados Unidos.
“Perfeição não é o objetivo final. Sustentabilidade é uma jornada contínua, não um projeto com começo, meio e fim”, afirmou Allison Reser, diretora de sustentabilidade e inovação da Pet Sustainability Coalition, em sua palestra de abertura no dia 28. Ela reforçou que nenhuma empresa atinge a sustentabilidade perfeita.
O conceito de sustentabilidade como um processo constante foi um dos principais pontos levantados durante o evento. Outro destaque foi a importância de medir os impactos das operações e emissões da empresa para que possam ser melhor gerenciados. Mais do que isso, os palestrantes enfatizaram que é essencial focar nos pontos que mais influenciam as emissões de carbono do negócio.
Como o Petfood Essentials trata de um único tema central, é natural que as apresentações compartilhem ideias semelhantes. O interessante é que essa convergência também apareceu no Petfood Forum 2025, mesmo com uma programação muito mais ampla.
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Mercado de pet food é forte, mas não invencível
O Petfood Forum 2025 contou com sessões diversificadas sobre desenvolvimento de carreira, economia, mercado de pet food, inteligência artificial (IA), novas tecnologias, pesquisas em nutrição e ingredientes, além de atualizações regulatórias. Entre essas áreas, surgiram temas que conectaram o público presente.
Por exemplo, na palestra de abertura, Ernie Tedeschi, diretor de economia do Budget Lab da Faculdade de Direito de Yale, apresentou uma visão realista do cenário econômico dos Estados Unidos, em especial com relação às tarifas do Governo Trump e seus impactos no setor pet. A boa notícia, segundo ele, é que, mesmo com preços em alta e tensões no comércio internacional, o mercado de ração para pets continua sendo um dos mais estáveis e resistentes a crises entre os setores de consumo norte-americanos.
Porém, Tedeschi alertou fabricantes e fornecedores sobre o risco de acomodação. “Pet food pode ser resistente à recessão, mas não é imune. Os dados mostram que consumidores tendem a migrar de marcas premium para opções mais econômicas em momentos de aperto financeiro. O gasto total pode até se manter, mas a composição interna muda.”
A recomendação é ajustar expectativas e monitorar de perto o desempenho dos SKUs (Unidade de Manutenção de Estoque), a resposta às promoções e as mudanças nas preferências dos canais de venda.
Shannon Landry, gerente de marcas pet da Packaged Facts, publisher de inteligência de mercado com foco em pesquisas dos setores de alimentos, bebidas e bens de consumo, reforçou esse ponto durante sua palestra sobre como saúde e bem-estar estão moldando os hábitos de compra dos tutores. Segundo ela, os donos de pets nos Estados Unidos estão começando a cortar gastos, mas não estão dispostos a comprometer a saúde dos seus animais.
“Qualidade continua sendo uma das principais preocupações, mesmo com a contenção de despesas”, disse Landry. “Os tutores estão priorizando alimentos que realmente contribuem para a saúde dos pets. É assim que eles estão enxergando valor hoje.”
Gestão de carreira em pet food: supere seus próprios bloqueios
Durante o painel sobre desenvolvimento de carreira no dia 29, um grupo de mulheres líderes da indústria pet destacou um obstáculo comum ao crescimento profissional: nós mesmos.
“Percebi que eu mesma era o maior obstáculo para meu crescimento”, disse Laura Moran, CEO da LPM Innovate e criadora do PetSpark Navigator™, um programa voltado para a inovação de produtos para empresas de alimentos para animais de estimação.
Essa ideia foi reforçada por Michael Allison, CEO da Adversity Academy Leadership Development Co., que fez a palestra de abertura do segundo dia. Toda sua apresentação girou em torno de como superar crenças limitantes.
As painelistas também discutiram a importância de criar uma rede de apoio e desenvolver conexões, um ponto também levantado por Karen Jones, vice-presidente de aprendizagem e soluções da NextUp. “Conexões são uma moeda valiosa quando o assunto é desenvolvimento de carreira”, disse ela.
No fim, tudo acaba em filhotes
Outros temas apareceram nas trilhas paralelas do evento, como o crescente uso de inteligência artificial (IA) na fabricação de ração para pets, o foco contínuo no microbioma, a saúde articular de pets, e a crescente necessidade de pesquisa voltada para animais idosos e obesidade em pets.
Mas, como sempre, uma das atrações que mais chamaram a atenção foi a presença de filhotes disponíveis para adoção. Pelo segundo ano consecutivo, a Polk County Humane Society, organização de resgate de animais do Missouri, nos Estados Unidos, levou um grupo de filhotes treinados por estudantes da Universidade Estadual do Missouri.
Difícil imaginar que alguém tenha saído do evento sem ao menos acariciar um dos cães, e muitos puderam até pegá-los no colo. Além de trazer um momento de descontração e carinho, os filhotes lembraram a todos por que trabalhamos nessa indústria.
E a melhor parte? Com exceção de dois, todos os filhotes foram adotados até o fim do evento (um desses dois foi adotado logo depois).